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Espetáculo Nó, de Deborah Colker, estreia temporada popular no Teatro Carlos Gomes

06/06/2019 16:19:00


Bailarinos amarrados com cordas, corpos que se aprisionam e se libertam, movimentos inspirados em um cavalo, dançarinos entrelaçados, uma mulher presa pelos cabelos. No espetáculo Nó, que estreia dia 7 de junho no Teatro Municipal Carlos Gomes, a coreógrafa Deborah Colker transforma em dança um tema demasiado humano: o desejo.

 

O espetáculo, que estreou mundialmente no Tanzfestival Movimentos, em Wolfsburg, Alemanha, traz os elementos que tornaram a companhia um fenômeno de comunicação com o público – o virtuosismo coreográfico, a precisão e o vigor dos bailarinos, a exploração e a ocupação de novos espaços cênicos –, mas está impregnado de novidades.Vestindo figurinos do estilista brasileiro Alexandre Herchcovitch, os bailarinos fazem de Nó um espetáculo ao mesmo tempo violento e delicado, brusco e sensível, chocante e amoroso, onde a dramaturgia se torna evidente.

 

No primeiro ato, eles se movimentam em meio a um emaranhado de 120 cordas. Cordas que dão nós, simbolizando os laços afetivos que nos amarram. Cordas que servem para aprisionar, para puxar, para ligar, para libertar. Numa companhia marcada pela disciplina, foram necessários meses de treinamento exaustivo para lidar com o acaso das cordas, já que a cada dia os movimentos saíam diferentes.Também foi preciso dominar novas técnicas. Deborah utilizou a bondage (técnica com cordas para controle da dor, do movimento e do prazer) e também o conhecimento de todos os tipos de nós, aprendidos com um marinheiro, para contribuir na construção sua coreográfica.Mas a sofisticação técnica foi banhada por conceitos filosóficos. Para dar conta da complexidade do tema,a companhia modificou o seu sistema de trabalho e, paralelamente aos trabalhos físicos, introduziu aulas de filosofia com o professor Fernando Muniz.

 

Deborah levou mais de dois anos para elaborar o espetáculo, que tem co-direção de Flavio Colker.De novembro de 2002 até a estreia, dez roteiros foram escritos, entre os ensaios e as apresentaçõesda companhia pelo Brasil e pelo exterior.

 

No segundo ato, saem as cordas e o palco é ocupado por uma caixa transparente de 3,1 x 2,5 metros,uma criação do cenógrafo Gringo Cardia. Neste aquário gigante, feito de alumínio e policarbonato– material usado na blindagem de carros –, os bailarinos se enlaçam, se atraem e se repulsam, se atame se desatam. É uma metáfora do desejo, daquilo que se quer, mas não se pode pegar, daquilo que se vê, mas não se pode ter, daquilo que se ambiciona, mas não se pode realizar. Os bailarinos equilibram técnica clássica e contemporânea em movimentos delicados e brutais.

  

O segundo ato começa com Chet Baker (My one and only love) e transcorre sob um fundo musicalque inclui Moacir Santos (Coisa nº 9), o tema de Spartacus e a divina Elizeth (Cardoso).A novidade é o figurino de Herchcovitch, que abusa do erotismo com suas malhas cor de carne,com partes em preto ou vermelho.

 

Ao lançar Nó, a Companhia de Dança Deborah Colker, surgida no cenário artístico em 1994, a já havia colocado em cena Vulcão, Velox, Mix, Rota, Casa, 4 por 4 e Dínamo – apresentados com sucesso em países como Inglaterra, Itália, Alemanha, Áustria, França, Nova Zelândia, EUA, Canadá, Argentina, Colômbia e Chile. Com Mix, a coreógrafa ganhou, em 2001, o prêmio Laurence Olivier, um dos mais prestigiados das artes cênicas em Londres, na categoria Outstanding Achievement in Dance (Destaque em Dança).

 

De volta à cena com um espetáculo de 59 minutos, ela mantém a intensa comunicação com o público,ao mesmo tempo em que atiça a sensibilidade e nos leva a investigar partes inexploradas de nós mesmos.

 

Serviço
Espetáculo de dança
Teatro Municipal Carlos Gomes
Endereço: Praça Tiradentes, s/n, Centro.
Horário: De 7 a 23 de junho. 1ª semana: Sexta a sábado, às 20h, e domingo às 18h. 2ª e 3ª semanas: Quinta e Sexta às 20h e Sábado e Domingo, às 18h.
Valor: R$20 (meia)
Classificação: Livre.